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Descrição arquivística
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Solar dos Câmara

  • BR MLRS SC
  • Fundos
  • 1750 - ?

A restauração do prédio do Solar dos Câmara proporcionou aos gaúchos o resgate histórico de um dos mais belos patrimônios arquitetônicos da Capital representativo da arquitetura residencial. O Solar dos Câmara, que foi construído para servir de residência ao Visconde de São Leopoldo, em 1818. Localiza-se no número 968 da rua Duque de Caxias, conhecida na época como Rua Formoso e depois, da Igreja.
O acesso principal à propriedade, na Duque de Caxias, é demarcado por um pórtico em arco pleno, decorado por pilastras, frisos, cimalhas e volutas, encimadas por dois leões. No centro do frontão, consta a data da construção-1818. O portão, em ferro fundido, contém o brasão do Visconde de São Leopoldo.
A casa possui dois andares, de acordo com o inventário do Visconde São Leopoldo: em cima, 11 cômodos: a sala grande, a sala de visitas, a sala do toucador (local onde as moças se penteavam e se enfeitavam), o quarto da Viscondessa, o segundo quarto, a alcova1, a sala de jantar, a copa, a despensa, a cozinha, o gabinete e o armazém. A antiga Sala de estar, transformada em auditório, foi denominado Sala José Lewgoy e possui capacidade para 70 pessoas.
No andar de baixo ficavam a senzala (onde eram acomodados os escravos da família) e a cavalariça ou as cocheiras, onde ficavam os cavalos, tílburis2 e a “cadeirinha de arruar”, também chamada de liteira3.
A antiga senzala, no subsolo, era de chão batido que foi rebaixado e adaptado para abrigar uma biblioteca com um acervo de mais de 20 mil livros, de ciências sociais, políticas, história antiga e moderna, assim como jornais, que estão disponíveis para consulta diária. Ao lado desta, está a sala de exposições fotográficas, chamada J.B.Scalco.

O jardim é também tombado como Patrimônio Cultural Nacional. A construção original era em estilo colonial português.

Uma grande reforma foi executada em 1874, procurando adaptar a antiga casa ao novo estilo neoclássico, por exigência do Código de Posturas da Cidade. Houve, então, o acréscimo de requintes (rendas, veludos, lustres, tapetes e cristais) e uma ampliação da residência, com a construção da sotéia (sacada localizada nos fundos da casa) e do pátio interno, cujo adorno é uma fonte. Outra reforma em 1954, quando foi substituída a cobertura.

Em 1963 foi tombado pelo Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), tendo como último ocupante o professor Armando Câmara, descendente da família, falecido em 1975.

Em 1981 a Assembleia Legislativa adquiriu o prédio, onde passou a funcionar o Serviço de Pesquisa, Documentação Histórica e Museu da Assembleia Legislativa. Devido às condições precárias, em 1988 foi iniciado o processo de restauração, em parceria com o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN). O trabalho empregou as técnicas internacionais de restauro e salvaguarda de bens culturais, que buscam garantir a manutenção das características originais das edificações, tanto nos 1.200 m² de área construída como no jardim.

A grande festa de reinauguração ocorreu no dia 18 de janeiro de 1993, quando então o prédio passou a abrigar manifestações culturais, ficando famosos os SARAUS às quartas-feiras. Solar dos Câmara é a denominação do seu segundo morador, Marechal José Antônio Corrêa da Câmara, o II Visconde de Pelotas.

Em 2010, houve novamente processos de restauração na Sala Rosa e na Sala de Jantar.

MORADORES
José Feliciano Fernandes Pinheiro (1774-1847), o Visconde de São Leopoldo, nasceu em Santos e morreu de pneumonia, tendo morado no Solar por 29 anos. Por volta de 1800, ingressou no serviço público, sendo designado para criar uma Alfândega nas capitanias do Rio Grande do Sul e Santa Catarina. Bacharel em Cânones (Portugal), se casou com a porto-alegrense Maria Eliza Júlia de Lima em 1819, com quem teve dez filhos. Em 1824, assumiu a Presidência da Província de São Pedro do Sul, pelas mãos de Dom Pedro I; no mesmo ano em que comandou a chegada dos primeiros colonos alemães, que se instalaram na feitoria do linho-cânhamo. Em 1826 foi senador do Império por São Paulo, quando recebeu o título de Visconde de São Leopoldo por ter recebido os primeiros imigrantes germânicos no Estado e ter fundado a cidade de São Leopoldo; época em que foi provedor da Santa Casa de Misericórdia. Ele é reconhecido como o primeiro historiador do Rio grande do Sul, pela obra "Anais da Província de São Pedro".

José Antônio Correa da Câmara (1824-1893), conhecido como 2º Visconde de Pelotas, genro do Visconde de São Leopoldo, passou a ser proprietário do casarão histórico após o falecimento do Visconde de São Leopoldo. Casou-se em 1851 com sua sobrinha, Maria Rita Fernandes Pinheiro. Nascido em Porto Alegre, lutou na Revolução Farroupilha (1839) e em 1870 foi nomeado Comandante em Chefe das Forças Brasileiras na Guerra do Paraguai. Em 1880, foi designado, por carta imperial, Senador da Província de São Pedro e, em 1889, foi nomeado pelo Marechal Deodoro da Fonseca como o primeiro Presidente do Estado. Foi condecorado Marechal Câmara em 1890. Em 1893 faleceu no Rio de Janeiro.

Armando Pereira Correia da Câmara (1898-1975), porto-alegrense, neto do Visconde de Pelotas e bisneto do Visconde de São Leopoldo. Professor da antiga Faculdade de Direito na década de 30, foi reitor da UFRGS entre 1946 e 1949. Cinco anos depois, fundou a Faculdade Católica de Direito, sendo o primeiro reitor da PUC. Em 1954 foi eleito Senador pela Frente Democrática, permanecendo no cargo por dois anos. Filósofo e professor, foi um grande mestre, apaixonado sobretudo pelo pensamento cristão. Viveu na casa até 1975, quando faleceu.

CURIOSIDADES

No térreo, localizava-se a senzala, atual Biblioteca Borges de Medeiros (em torno de 20 mil volumes). São elementos originais, neste espaço, o teto, as paredes em barro e as janelas de aproximadamente 80 cm de espessura.

O pátio interno possui um espelho d’água circular, com a estátua do “Pai Cabinda”, pertencente à Nação Cabinda (povo banto de Angola), no centro. Embora não existam registros históricos que apontem a procedência dessa estátua, era comum aos senhores de escravos, segundo historiadores, permitir o culto a deuses africanos nas senzalas.

No andar superior, parte central, está localizada uma peça onde dormiam as filhas solteiras, sem janelas e com porta interna para a Sala de Jantar, chamada “alcova”. A origem do nome está relacionada à mucama que servia de alcoviteira, ou fofoqueira, transmitindo tudo o que as moças falavam para os seus pais.

No Solar, foi encontrada uma antiga geladeira, utilizada pela família do II Visconde de Pelotas, o segundo morador. O processo de refrigeração consistia em depositar o gelo, recebido em casa, na parte superior do móvel, para conservar os alimentos.

No terraço, existe uma gruta com a imagem de N.ª Srª de Lourdes. A gruta é revestida com pedaços de porcelana originária de Portugal, que se quebrou durante viagem de retorno da Europa do II Visconde de Pelotas.

As janelas e portas do Solar dos Câmara são originais. Foi mantido o piso original em algumas peças (jacarandá da Bahia) (onde não está lustrado). Originalmente, a escadaria da porta principal era revestida em mármore e a calçada que leva da escadaria até o portão era de lajotas bicolores formando um xadrez.

Os escravos que trabalhavam na casa eram domésticos, já que na propriedade não havia lavoura nem criação de animais. O local foi visitado por vultos históricos em seus primórdios, como D. Pedro I e II, o botânico Saint Hilaire e no decorrer dos tempos, outros homens de destaque mantinham relações com os proprietários.

Família Câmara

1828 - 1834 - Conselho Geral da Província

  • BR MLRS CGP
  • Fundos
  • 1828-11-29 - 1834-02-28

Atas das Sessões, Propostas, Posturas, Ofícios, Recibos.

Conselho Geral da Província de São Pedro do Rio Grande do Sul

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